sábado, 1 de outubro de 2011

Desrespeito - Ilsan Viana

Do blog da vereadora Ilsan Viana

Dizem que dar um bom exemplo é a melhor maneira de influenciar os outros. Sendo assim, o que podemos dizer sobre figuras que desrespeitam as Leis e, quando são punidas por isso, tentam atropelar a Justiça? Fico me perguntando quando essas pessoas vão entender que Leis são feitas para serem cumpridas. E como falei em exemplos, é bom lembrar a minha trajetória após a vitória na eleição de 2008. Venci nas urnas, fui a terceira mais votada do município e, depois, tive que vencer na Justiça. E isso ocorreu porque esse mesmo grupo que acampou na Prefeitura, tentou de todas as formas me afastar da Câmara. Eles não dizem que o voto deve ser respeitado? Se o voto deve ser respeitado, por que tentaram barrar a minha posse? Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Mas é bom deixar bem claro que em momento algum perdi o controle e incentivei manifestações descontroladas como as que vimos no pátio da Prefeitura. Recorri, aguardei e provei, na Justiça, que não havia nada que impedisse a minha atuação como parlamentar. Venci nas urnas e sabia que venceria na Justiça. O mais interessante é que o mesmo Tribunal atacado pela prefeita e seus aliados, era muito bom quando condenava os seus adversários também vitoriosos nas urnas.
Os campistas já perceberam que aquele “show cor de rosa” se resumia ao pátio da Prefeitura. São pessoas que dependem do governo e acabaram obrigadas a participar de uma encenação por livre e espontânea pressão. Não havia uma tensão generalizada na cidade. A única situação de tensão ocorreu ontem na Câmara. E foi motivada por um líder que moveu seus subordinados contra o seu próprio irmão. Por conta de figuras apegadas ao poder, populares e vereadores correram sérios riscos ontem no Legislativo.
A maioria das Ditaduras começou exatamente desta forma. Um líder megalomaníaco se acha no direito de passar por cima das Leis e criar suas próprias regras. Depois, pisam nos adversários, constroem um governo sem a oposição e dão as cartas por 20, 30, 40 anos. Não é isso que a população de Campos deseja.
A voz das ruas é outra. Fica nítido que a população de Campos está cansada de uma família que tenta transformar o município em um palco para a exibição de um espetáculo aterrorizante. As pessoas estão cansadas de figuras que se colocam como vítimas e nunca admitem ter cometido um único erro. Para eles, como dizia Sartre, “o inferno são os outros”.

Vereadora Ilsan Viana
Artigo publicado neste sábado (01) pela Folha da Manhã

Um comentário:

Anônimo disse...

O relativismo do crime

Às vésperas da eleição de 2004, o ex-governador Anthony Garotinho foi surpreendido por uma batida da Justiça Eleitoral na se do PMDB em Campos. Os fiscais do Tribunal Regional Eleitoral encontraram R$ 318 mil de origem não explicada.

O butim seria utilizado na compra de votos. Uma fila de cabos eleitorais estava do lado de fora da sede para receber o dinheiro. Era algo inacreditável. Algumas sacolas já estavam vazias, o que se depreende que uma quantia muito mais significativa já tinha sido levada no varejão do voto.

Na época Rosinha Garotinho era governadora. Transferira a administração estadual para a cidade na tentativa de eleger o então candidato a sucessão municipal Geraldo Pudim, hoje secretário de governo da mesma Rosinha.

O dinheiro ainda se encontra acautelado pela justiça. Mas o caso já foi julgado no Tribunal Regional Eleitoral, no período em que Rosinha ainda estava governadora.

Garotinho e seus aliados, na ocasião, saíram incólumes desta empreitada. Destacou-se no julgamento a justificativa da desembargadora do TRE, Jaqueline Montenegro, ao proferir seu voto pela absolvição dos réus governistas: “Diante do escândalo do mensalão, o que é R$ 318 mil?”.

Agora, na mesma cidade de Campos, o casal Garotinho se vê diante de um novo embate com a justiça. Desta vez por conta do uso escancarado da rádio e jornal O Diário durante a eleição de 2008.

O conteúdo do processo é revelador, pois demonstra que nunca antes na história desta cidade dois veículos de comunicação serviram tão bem a uma candidatura. Já tinham feito o mesmo na eleição de 2004, mas no pleito de 2008 foram ainda mais ousados.

Eis que vem a cantilena oficial comandada por Garotinho para dizer que Rosinha está sendo punida apenas por conta de uma entrevista. Seria uma perseguição, segundo a choradeira que nenhuma reportagem da mídia oficial ousou questionar. Só que a história não é bem assim e ainda que o fosse, o discurso embute a tese do relativismo do crime.

Tanto na cantilena atual quanto na justificada da magistrada Jaqueline, podemos deduzir que matar alguém com um tiro é menos grave do que matar com três disparos. Ou roubar uma casa é menos grave do que assaltar um banco de arma em punho. Faz lembrar a frase de Paulo Maluf: "estupra, mas não mata".

A tese, na verdade, traduz o pensamento reinante entre a sociedade brasileira, que faz distinções discriminatórias na hora de punir um criminoso. Se for negro pau nele. Para branco e filho de rico, pena mais branda. Condenação ou cadeia só para o pobre ladrão de galinha. Para o rico e poderoso, a pena tem que ser relativa. Definitivamente, o que sucede em Campos dos Goytacazes merece um estudo antropológico.

Garotinho sempre apostou na impunidade. A Justiça Eleitoral fez o dever de casa. Não importa as motivações, mas antes tarde do que nunca.

http://www.robertobarbosa.com/2011/10/o-relativismo-do-crime.html

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...